A educação em saúde, como ferramenta transformadora, já estava na pauta de toda cadeia produtiva mesmo antes do advento da pandemia pelo Covid-19. Ousaria dizer que aparece no berço das discussões das duas últimas décadas de fóruns nacionais e internacionais que discutem uma outra pauta, não menos importante para a saúde, que é a da sustentabilidade do sistema público e privado no mundo.
As reflexões e alterações curriculares no meio acadêmico há muito provocam a urgência do preparo de um profissional, mais crítico, focado nas necessidades e no compromisso de garantir um maior acesso à comunidade. Tendo em vista a educação em saúde como a vertente essencial à prevenção.
Como equipe multidisciplinar devemos trazer em nossas práticas a capacidade e responsabilidade de instrumentalizar o paciente-cidadão em suas necessidades de saúde. E a importância destas práticas já estão evidentes no texto do SUS, que trazem em seu leito ideológico a participação efetiva da sociedade para os melhores resultados em sua saúde.
É improvável sensibilizar mudanças comportamentais voltadas para um melhor estilo de vida e práticas saudáveis, sem instrumentalizar o protagonista do cuidado, o paciente-cidadão, a exercer sua corresponsabilidade neste processo. E a equipe multidisciplinar é sem dúvida quem pode dar-lhes subsídios para a efetividade dessas mudanças e melhorias.
Os conselhos de classe, Ministério da Saúde (MS) e o próprio Ministério da Educação e Cultura (MEC) têm demonstrado esforços para amparar profissionais do setor, no âmbito legal, para utilização dessa ferramenta transformadora, inclusive por meio digital. A Tele saúde já é uma realidade em nossas práticas, e ganhou proporções gigantescas diante do cenário de saúde pública que vivemos. Afinal, com um país continental e tão diverso, não podemos limitar esforços para garantir equidade de acesso à população que nos propomos a educar e cuidar.
Muitos são os ambientes onde podemos imputar o cunho educativo na atenção daqueles sob nossos cuidados. Ela deve ser a essência na saúde corporativa, pública (escolas, comunidades, Ong’s, Unidades básicas e avançadas, OS’s) e privada (prestadores de serviços médico-hospitalares, corretoras e operadoras de saúde). Sem esquecermos que essa educação em saúde não pode ser limitada a informações do autocuidado, mas deve remeter ao protagonismo destes pacientes em sua qualidade de vida e viabilidade de um sistema universal e de longo prazo.
Importante ressaltar que, como educadores na saúde, devemos estar atentos ao uso, não só de ferramentas, mas de uma linguagem alinhada às expectativas do público que atendemos. Em muitas circunstâncias funcionaremos como verdadeiros “intérpretes” da linguagem técnica da área de saúde, e em outras nos amparando no conhecimento popular ou práticas da cultura local para que de fato consigamos auxiliá-los no exercício de seu protagonismo no autocuidado. O respeito às questões culturais é fundamental no sucesso do acolhimento e da adesão às boas práticas de saúde pela comunidade, sendo o conhecimento prévio desta população um elemento fundamental para qualquer tipo de cuidado.
Portanto é através da educação em saúde que a equipe multidisciplinar pode se empoderar e compartilhar seus saberes, fazendo diferença na vida da população e agregando valor à saúde do nosso país!